terça-feira, 3 de julho de 2012

Coluna A Tarde: Dois de Julho manchado

As manifestações durante o cortejo do Dois de Julho não foram naturais, como declarou a senadora Lídice da Mata, porque, se assim fosse, seria uma inaceitável continuidade, ao vivo, das refregas de 1823, quando a Bahia expulsou definitivamente as tropas portuguesas, para consolidar com sangue, lágrimas e heroísmo, um ponto final na Independência do Brasil iniciada no ano anterior. O que aconteceu foi uma manifestação política com vaias e violência inusitadas que não me recordo de ter registro igual. Assisti a manifestações políticas de grupos político-partidários adversários, mas nunca do mesmo agrupamento, supostamente de esquerda. Parece não ser bem assim na medida em que a não havia ideologia presente.

Houve o que já era esperado. Uma guerra entre os professores em greve e o governo, que chegaram a uma situação insustentável onde o diálogo desapareceu para dar lugar a agressões, como aconteceu

Com o governador Jaques Wagner, atingido na cabeça com um mastro de faixa de protesto, felizmente sem maiores conseqüências. Os professores se organizaram como a maior frente de enfrentamento do governo. Os partidos que comandam e orientam o APLB perderam o controle e, agora, só uma decisão judicial pode por fim à situação gerada. A greve ganha contornos que acabam por prejudicar pais e estudantes, que podem até defender maior salário para os professores, mas perdem por não assistia a aulas e vê o ano praticamente prejudicado. Os país dos filhos sem aula, se antes apoiavam o mivimento, afora se declaram absolutamente contrários.

O movimento ganhou uma dimensão inesperada porque, tendo apenas um alvo, Wagner, o governador passou a se admoestado para onde se desloque, na Capital e no interior, como aconteceu na semana passada em Cachoeira, quando, de quatro programações agendadas, só pode cumprir uma delas, na catedral, assim mesmo com as portas do templo fechado. A vaia como manifestação é um processo contagioso que alimenta também os partidos políticos e os não simpatizantes de quem dela é alvo. A situação é, de fato, grave, e pode atingir as legendas e os candidatos da sua base de apoio. É inaceitável que uma data cívica que marca a o sentimento libertário dos baianos, com uma dimensão que, infelizmente, ainda não é reconhecida como deveria pelo País, possa acontecer fatos com os que ontem foram registrados.

O Dois de Julho, assim com a Lavagem do Bonfim, sempre foram palcos para a exposição de políticos, especialmente em anos eleitorais. Neste, quem fez política como candidato às eleições de outubro pode se exibir, especialmente os nomes da oposição, posto que as manifestações de desagrados foram dirigidas exclusivamente ao governador. Com isso, o confronto apenas se agravou e somente não gerou um sério problema com o PCdoB, partido dos líderes da greve (outros partidos estão também envolvidos, como o PSOL) porque o presidente do partido e outras figuras de destaque se afastaram, com é exemplo Olívia Santana, candidata a vice na chapa do petista Nelson Pelegrino.

Pena que a data cívica do Dois de Julho tenha se transformado em baderna, incluindo atos de agressões.


Fonte: Bahia Noticias

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