terça-feira, 28 de junho de 2011

Motivação extra para mais uma 'decisão' do Vitória nesta Série B

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Otto Bruno:

Alô, leoninos.

Nosso Leão teve problemas em Campinas principalmente pela falta de atletas na reserva. Com a chegada de Marquinhos, teremos no banco, provavelmente a partir do próximo jogo, além do goleiro (Felipe, Gustavo ou Douglas), Leo ou Romário (quando estiver recuperado), Gabriel ou Reniê (dois zagueiros bons da base, Coruja ou Esdras (dois bons volantes da base), Xuxa ou Jérson, Édson ou Pablo ou ainda Mineiro (quando estiver recuperado, bom valor da base), Arthur Maia (quando Geninho perder a birra com a base do Leão, incompreensível) ou Felipe ou dois destes aí. Nosso time se desenha de forma sólida com jogadores bons para todas as posições. Teremos ainda mais cinco reforços (zagueiro, lateral esquerdo, meia, centroavante e mais um meia de lambuja. Estamos incorporando o estilo Geninho, um treinador que chegou sob muita desconfiança de uma torcida escamoteada de sofrimento do primeiro semestre, vindo de um rebaixamento que deixou a nós todos com gosto de sangue na boca (fomos rebaixados por saldo de vitórias e gols… dói…), perdendo o campeonato para um adversário que teve tudo o que devíamos ter (fibra e garra) e, depois da inédita campanha no ano anterior da copa do Brasil, ser eliminado em dois jogos pífios contra mais um genérico do futebol nordestino, time inexpressivo e incapaz sequer de ostentar campeonatos regionais em condições de bater equipes interioranas de sua própria região, tudo isto sob o comando de um senhor que já deveria ter pendurado as pantufas de treinador para não sair por baixo. Mas o futebol tem mistérios. Quem acreditaria que Ricardo Gomes teria, em alguma equipe que ele treinasse, algum tipo de identidade? Pois estamos vendo, lento e gradativamente, isto em nosso Leão. Geninho começa a mostra sinais de competência e conhecimento aliados com a identidade com o clube, sua diretoria e plantel. As dúvidas em relação ao acesso começam a desaparecer e o torcedor, a cada jogo, vai adquirir a confiança que o time vai ganhando em campo. Nosso bons jogadores trazidos para a série B, tardiamente, Zé Luís, Mancha, Fernandinho, Maurício, Fernando Leal, Edu e Marquinhos, que serão mais titulares que os outros, Jérson, Xuxa e Pablo qualquer coisa, já mostram respeito pelo clube, empenho dentro de campo e dedicação nos treinamentos. Poderemos colher frutos no próximo ano renovando com a maiora deles para o baiano e série A, se tudo der certo. Precisamos, nós, torcedores, nos associarmos ao clube, irmos ao estádio, fazermos o esforço que fizemos o ano passado para não deixar o time cair, mesmo sem sucesso, este ano, para trazê-lo, se Deus quiser, em definitivo, para a série da qual não deveríamos ter saído sob nenhuma hipótese.

Vamos apoiar a todos os atletas. Lembrem-se que são honrosos somente por ostentar em seus peitos o manto para nós tão sagrado e glorioso. A atitude deles em campo será em virtude de nosso apoio incondicional. Nada de vaias, nunca, a ninguém. O mesmo Viáfara que todos hoje sentem falta foi viado inúmeras vezes por seu torcedor e ele nunca deixou de amar nossa agremiação. Não sabemos mais que ninguém, não estamos nos treinamentos ou não podemos ler pensamentos de ninguém. Reparem que não falei de Uelinton, pelo simples fato de torcer para que ele não volte. Não há como esquecer seus atos, mas se ele voltar terá o apoio de todos, somente pelo manto que ostenta, nunca por seu valor pessoal, para mim, irrisório em virtude de seus atos. Gritemos apenas os nomes do que merecerem e os outros farão por merecer. Aplaudamos os que saem e gritemos os nomes apenas dos que realmente se doam, mostram amor e respeito pela instituição. Deixemos de vaias, por favor… Nossos atletas, por pior que possam estar jogando, o fazem de vermelho e preto. Protestemos nos treinos, levemos faixas de exigências de garras de um ou outro que não mereça mas nunca mais vaiemos. Estamos ali para apoiar, sempre. Uma vaia desnorteia o elenco todo, mesmo que seja para um atleta. Todos sentem a pressão. Pressionar sim, mas ao adversário. Me lembro de 1995, estréia do brasileirão. Vitória e Botafogo, Barradão (19/08/1995 – Vitória 2×2 Botafogo – 16.750 pagantes). Nilson tomou um frango absurdo no jogo e a torcida o aplaudiu muito, mas muito mesmo. Perdíamos por dois a zero. Encontramos forças em nosso torcedor para empatar o jogo e não viramos por míseros detalhes. A atitude da torcida fez a diferença. E fará sempre, para o bem ou para o mal.

É claro que ficaremos insatisfeitos por perder jogos (a vaia no final do jogo em caso de resultados adversos é plenamente aceitável) ou perder pontos contra adversários visivelmente subqualificados em relação ao nosso Leão. Óbvio que passes errados, bisonhos, jogadas equivocadas, perdas de gols na cara ou insistência em ser fominha quando deveria passar a bola são inaceitáveis, mas a atitude pode ser somente positiva, para que no próximo passe, este saia perfeito, a próxima bola chutada em gol entre, o próximo jogador que destampar na cara olhe para o companheiro em melhor condição de conclusão de jogada. Se mudamos nossa atitude, mudamos o mundo.

Amanhã estarei lá, com minha careca disfarçada por um rabinho de cavalo mentiroso, lá embaixo, junto à grade, torcendo, sempre do lado em que o Leão estiver atacando, assim como estive em todos os jogos até aqui (exceto a final do baianão, por motivo de viagem a trabalho). Estou de mudança iminente para o Rio de Janeiro e nada mais me doerá tando quanto deixar meus pais, meus afilhados e meu Leão para trás. Onde estiver, estarei com ele estampado no peito, acompanhando resenhas na internet, fazendo clippings diários e com uma saudade do Barradão que não há palavras em nenhum vocabulário que possa descrever. Mas, enquanto eu aqui estiver, meu lugar no Barradão é sagrado, e peço aos meus compatriotas de sangue e breu que sempre sigam apoiando meu Leão, como num matrimônio, na alegria e na tristeza, no prazer e na dor, na riqueza e na pobreza, mas sempre Leão da Barra."

Um abraço e SRN, sempre.

Otto Bruno


Fonte: Globo.com

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