quarta-feira, 13 de abril de 2011

Xico Sá: Sardinha é a vovozinha

Pô, papai Joel, que pisada, logo tu, tão malaco, tão jeitoso, sempre amaciando no peito da cordialidade qualquer conflito, qualquer refrega. Poxa, meu velho, que passa na tua cabeça?

Sem essa de dizer que o Bahia não é peixe grande, como se o tricolor da Boa Terra ficasse a dever uma pataca de diferença dos Botafogos e Vascos da vida, com todo o respeito pelo futiba carioca.

Sardinha, papai Joel, já que estamos em família, é a saudosa vovozinha. Sei que o senhor é um homem de respeito, espero que tenha sido apenas um vacilo. Perdão foi feito pra gente pedir e a massa baiana merece o teu ato de arrependimento.

Mexer com o Bahia, papai Joel, é mexer com as forças poderosas, com os orixás, com os deuses que dançam. Temo por teu anzol e pela revolta das águas depois deste infeliz pitaco. Logo com os tricolores, que tanto levantaram a tua bola depois daquele belo campeonato.

E antes que eu me esqueça, como me sopra aqui o Bob Fernandes, Bahia doente, minha porra, repete: Sardinha, papai Joel, já que estamos em família, é a saudosa vovozinha.

Se o Bahia não é grande, quem seria? Mais respeito com o primeiro campeão brasileiro, com uma das maiores torcidas desta República Federativa, com o esquadrão que voltou ao primeiro plano do nosso futiba, com toda a sua história.

O tricolor é o tipo de clube que não foi pequeno nem mesmo quando esteve na lama das divisões inferiores. O sofrimento também é uma característica dos gigantes. Qual tubarão brasileiro nunca passou por maus bocados?

Uma emenda já, papai Joel, para o infeliz soneto. Nem sei se tem mais solução diplomática, mas pelo menos abranda a fervura do dendê que te espera no Rio Vermelho.

Fica difícil imaginar um remendo, mas o perdão, culpa cristã assumida, é sempre bonito e faz os seus milagres. Porque não foi, digamos assim, um ato falho, um escorregão nas cascas de bananas da semântica, muito pelo contrário, foi muito explícito e imodesto.

Só lavando sozinho, ao sol do meio dia, as escadarias do Bonfim, a torcida tricolor te perdoaria por completo a essa altura.

Perdeste uma chance divina, papai Joel, aliás duas. Primeiro a oportunidade de ser mais educado ou calado; segundo a bênção de voltar a dirigir o time do Lessa e da massa mais religiosa do país.

Opa, enquanto escrevia, papai Joel, mandava as suas desculpas: "Fui mal interpretado. Todo mundo sabe que amo a Bahia e coloco tanto o Bahia como o Vitória lá em cima, onde eu estiver", disse ao iBahia.

Como assim mal interpretado, se a frase dita no “Bem, amigos” (Sportv), é tão clarividente. Ficou faltando um perdãozinho, seu Santana, mas deixa pra lá, o mal é mesmo o que sai da boca do homem, já dizia o testamento bíblico.


Fonte: Ibahia

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