quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma rainha para Momo nenhum botar defeito

A escolha feita “na calada da noite” deixou estragos na manhã seguinte. A eleição da Rainha da Micareta de Feira de Santana, para o exercício de 2011, virou a piada de uma segunda-feira chuvosa e assunto para puxar conversa pelos próximos dias. Para contrariar a escolha previsível do simpático rei Dilsinho, teve a inusitada eleição da nova rainha, Hervânia Fagundes, 21 anos, 1.48m de altura e peso inversamente proporcional.


O nome da jovem candidata pedia para ser borrado pelos jurados já nas seletivas, mas alguém emprestou o corretivo. Quando abriram as inscrições, talvez o mantra positivo de outra rainha tenha inflado a autoestima da baixinha que cresceu ignorando a balança e agora atropelava a opinião alheia para receber um título previamente negado. Só bastou acreditar no sonho. Hoje, pesadelo para as demais concorrentes.


Se o corpo (no sentido abstrato da palavra) de jurados fosse formado por uma turma de marqueteiros, a escolha seria considerada a mais fantástica jogada de marketing de todas as edições micaretescas. A Micareta de Feira alcançaria a lista dos assuntos mais comentados do Twitter e Hervânia seria a atração do Domingão do Faustão da próxima semana. Faltou o toque profissional para chegar lá. Valeu a falta de intenção.


Ao que parece, o júri feminino só quis protestar contra um padrão de beleza imposto à mulherada, incluindo as Hervânias, e chutaram o pau da barraca. Afinal, desde quando o regulamento do concurso estipulava o manequim da nova rainha? Ou que o rosto da realeza deveria ser a reprodução do robô da Flávia Alessandra? Se o “Rei dos reis” decretou que não precisa ser magra para ser formosa, que as baixinhas têm sua vez, que as míopes têm seu lugar ao sol, e até mesmo a marca da Micareta se esqueceu de ser bonita, por que diabos estão discutindo isso?


Pelo visto, pouca gente entendeu o tom de protesto das juradas, que também devem ter celulites, como toda mulher que não foi capa da Playboy. Mas o que se alastrou pela cidade foi a indignação de quem nunca esteve nem aí para a eleição, considerada fútil para os intelectuais que agora fazem considerações. Alguém aí lembra o nome da gostosona eleita na Micareta passada? Ah... Com Hervânia será diferente. Se o nome não vier à cabeça, os quilinhos a mais da candidata hão de pesar (juro que tentei mudar o verbo) na memória do feirense. Já tem muita eleição efêmera nesta cidade.


A capital do axé elegeu o primeiro Rei Momo magro em 2008, e não parou por aí. Desta vez, a feminista Feira de Santana também saiu na frente e queimou o sutiã (tamanho 48) no Teatro Margarida Ribeiro. Não vamos parar, tá certo? Hervânia quebrou padrões e testou nosso poder de julgamento. Analisando a questão superficialmente, tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto. Quem ousar uma interpretação mais crítica dessa escolha acidental enxerga, ao menos, o quanto somos previsíveis na avaliação.


Nós somos o Dilsinho que se reelege Rei Momo. Não entendemos Hervânia e seus atributos desconhecidos. Lançamos nela olhares vestidos com um abadá multicolorido e apertadinho. Vamos respirar em um número maior. Hervânia é reboliço. Hervânia é o retrato dadaísta de uma rainha micareteira. Ai que vontade de repetir sua graça: Hervânia, Hervânia, Hervânia. Que nome bonito! Não?

Fonte: Bolg da Feira

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