sábado, 30 de julho de 2011

O último "mecenas"

O Vitoria sofreu muito no passado com os "mecenas". Alexi Pelágio Portela - pai do atual presidente do Vitória -, quando também exerceu a presidência na década de 70, foi um deles. E aqui não está se pondo à prova o caráter desses “cardeais”, que a sua moda administraram o clube com muita paixão, mas pouca razão. Mas com muita honestidade, é bom que se diga. Eles assumiam o clube, emprestavam e quase sempre davam dinheiro, e se no campo as coisas não andavam bem, eles se afastavam e o clube ficava a deriva.

Em 1980, fomos campeões e na segunda-feira não tínhamos presidente. Era Pirinho o presidente de então. Benedito tinha se afastado e, sem o “mecenas”, ele não sabia administrar o clube. E foi assim que encontrei o Vitória, num círculo vicioso que o conduziu a estagnação e as derrotas por décadas. Os velhos tempos voltaram. E só não voltaram por inteiro, pois deixei o legado mais precioso. Recursos financeiros gerados dentro do próprio clube.

Maneca e Ademar, chamados por Alexi na época da minha saída de "coniventes", foram tanto quanto os que estão ao seu lado hoje, pois é Alexi quem manda em tudo.

A dívida alardeada por Alexi quando saí, no valor de R$ 55 milhões, nunca existiu. É mentira. Ele se referia ao Passivo Circulante e omitiu propositadamente os Ativos Fixos e Circulantes de alto valor que deixamos no clube, como por exemplo todos os atletas negociados após minha saída foram formados por minha equipe e com os custos dentro da minha administração. Quanto já rendeu e quanto vale os que ainda restam? E aqueles como, Felipe (Flamengo), Magno (Japão) e outros que saíram de graça, e os mais de 100 atletas que deixei no clube. Quanto valiam e valem? E a saída ainda não explicada de Hulk? Alexi tem a obrigação moral de mostrar o contrato de venda de Hulk e publicar na mídia. Sei que foi na curta passagem de Ademar, que me sucedeu e o antecedeu, mas se calam para permitir que o meu inimigo da mídia levianamente coloque esta ação sob minha responsabilidade

O estádio que encontramos totalmente abandonado, inacabado e depredado, sem água e sem luz, foi por nós reformado ampliado. E mais que isso, viabilizado. As concentrações que foram construídas, o Centro de Treinamento, os veículos que foram comprados, e as 67 plataformas de computação, e os equipamentos de fisiologia e musculação, quanto valem? E os mecanismos de solidariedade sobre vendas de atletas no exterior? O último agora proveniente da venda de David Luiz. Quanto valem? E a Timemania, cujo projeto teve a minha intensa participação, possibilitando o parcelamento da divida fiscal em vinte anos. Quanto vale? E o ativo de Obina de 2,6 milhões de dólares, e os 13,8% acordados com o procurador de Obina sobre o que eles conseguirem do processo do atleta na FIFA (será que cobraram de Joel Martins?).

Deixei no clube um passivo de caixa de R$ 7 milhões e um ativo de caixa de R$ 8 milhões da venda da sede. Este recurso só poderia ser usado por decisão do Conselho Deliberativo, para concluir as obras de infra estrutura, que deixamos projetadas. Formamos uma comissão de conselheiros que só se reuniram enquanto estive lá. Gastaram tudo ilegalmente no futebol profissional e iam para mídia dizer que estavam pagando tudo em dia. Assim é fácil. O Conselho omisso e conivente até hoje nunca se manifestou.

Outro fato relevante: Alexi tomou a decisão de não pagar nada do meu tempo, como se o clube pudesse ter seu caixa separado, mas usaram os ativos de atletas e o dinheiro da venda da sede para pagar sua administração. Como consequência, gerou uma contingência fiscal, civil e trabalhista gigantesca. Aos empregados do meu tempo que foram demitidos por ele, Alexi mandava que fossem receber seus direitos na justiça, gerando contingências trabalhistas vultosas. Todo fruto de um processo político claro, onde o clube é quem vai pagar a altíssima conta. Imaginem se quando eu assumi, com o clube acéfalo, eu agisse da mesma forma, com revanchismo político. Não tinha nem aonde sentar.

O problema é que na época que saí, o clube estava sob o comando de representantes do antigo governo, que tinham essa pratica perversa na gestão pública do estado. E Alexi se submeteu. Quando foi convidado a assumir, ele ouviu que da minha época, ele não devia pagar nada. A auditoria determinada, com o objetivo único de desmoralizar a mim a minha diretoria, principalmente contra mim, foi estimulada e decidida por essas pessoas sem autoridade moral para fazê-la e Alex permitiu passivamente, lavando as mãos como Pilatos, por que era conveniente para ele não se indispor com essas figuras; imaginava que Paulo Souto seria reeleito e ele e outros no clube, inclusive do meu grupo, não queriam se afastar do poder por interesses pessoais. Covardia! Ademar Lemos era fornecedor de alimento do Estado. Esse, então, sem comentários. Mas quando teve prisão preventiva decretada, teve em mim solidariedade e preocupação constante. Além de uma ligação que fiz à Secretaria de Segurança Pública, que ajudou muito na preservação de sua integridade.

Nunca mandei sozinho. Tomei as decisões como presidente, pois é assim em um regime presidencialista. Nunca fui teleguiado nem omisso, sempre coloquei os interesses da instituição em primeiro lugar. Quando em 1999 recebi “ORDEM DE PESSOAS DO GOVERNO” que devia levar o time para Fonte Nova, eles viram que comigo não havia interesses pessoais em jogo, quando o interesse do Vitória estava sendo prejudicado. E era deputado ligado a eles. Recebi uma ligação de meu amigo ACM Júnior, tricolor ferrenho, e rechacei a cobrança para ir a Fonte.

A diferença é que, na minha época, o Vitoria gerava suas próprias receitas, não precisando dos "mecenas", que tanto mal causaram ao clube no passado. Ressalvas ao inicio da minha administração no clube, quando tive ajuda de muitos conselheiros, com destaque para Antonio Ferreira Neto e Benedito Luz, que me ajudaram decisivamente a tirar o clube da estagnação que se encontrava. Quando fui presidente do clube durante dez anos, convoquei o Conselho Deliberativo trinta e três vezes - uma media superior a três vezes por ano. Noventa por cento das vezes para prestar contas da minha administração. As Atas estão no clube para comprovar. Quando assumi a S/A, me reunia de três em três meses respeitando o Estatuto da empresa. As reuniões eram formais, pois o controle era dos argentinos. Se Alexi divulgar as Atas, tudo ficará comprovado, demonstrando a minha atitude responsável e transparente de prestar contas de tudo.

Outra coisa importante e que desmente essa falácia: todos os balanços anuais da S/A foram publicados e divulgados no site do clube, no jornal Correio da Bahia e no Diário Oficial do Estado. Alexi está há cinco anos e meio como presidente e quantas vezes reuniu o Conselho? Divulgar números de venda de jogadores não é prestar contas. Publicar os contratos sim. Porque não faz?

O que Alexi fez comigo e com meu vice-presidente Walter Seijo, fazendo a S/A nos processar na justiça, é mais que uma deslealdade: é uma covardia. Tudo que está na ação, está tecnicamente comprovado e ele sabe. Alexi o fez apenas para nos constranger. Pior ainda, cumpriu ordens dos Tourinhos e Mascarenhas. Falam da minha reclamação trabalhista e se esquecem que o clube me processou antes e de forma injusta e vazia. Imaginem que estão me cobrando por ter dado uma Confissão de Dívida a Eduardo Diniz, conselheiro do clube, por um crédito de venda de passagens, que inclusive a S/A foi judicialmente cobrada. Quiseram macular minha historia no clube, mas não vão conseguir.

[Arquivo]

É difícil o torcedor esquecer que comigo o Vitoria conquistou 90% de todos os títulos, e construiu praticamente todo a sua infra estrutura; colocamos mais de sessenta atletas em seleção brasileira e foi reconhecido como uma das dez maiores escolas de futebol do mundo. Modéstia à parte, poderia discorrer e me alongar nas nossas ações no âmbito administrativo, pois deixamos no clube um Manual de Normas e Procedimentos, fruto de toda essa vivência. Administramos e construímos tudo no clube com apenas a sexta parte das receitas de televisão que eles têm hoje. Colocamos o Vitoria no Clube dos 13 em 1999. Sem estar no Clube dos 13, trouxe alguns dos maiores jogadores que já passaram por aqui, como Bebeto, Petkovic e Aristizabal, para não ir mais longe, e ficamos por 8 anos na Série A, enquanto ECV, chegando a uma final e uma semi final, além de campanhas memoráveis como a de 1997.

Para concluir, digo que conheço todas as pessoas que estão ao lado de Alexi. Conversam muito, principalmente nas derrotas, porém ajudam pouco. O que posso garantir é que não dão dinheiro. Alexi está dando sozinho (hoje menos) num atestado de incompetência, pois de 1994 até 2005, quando saí, o Vitoria viveu de suas próprias receitas e não vendeu nenhum atleta de administrações anteriores.

Hoje temos uma equipe de aluguel como no passado, com poucos atletas oriundos da Divisão de Base (todos de minha época). Na minha época, sempre tivemos a equipe com uma média de idade muito menor. O meio de campo do Vitoria tem 130 anos de idade. Tomara que dê certo.

O Vitoria não era inchado. Era forte, estruturado, planejado e “pensava grande”. Hoje está como antes da administração liderada por mim, apequenado, mediocrizado, sem rumo. Reduzir custo do estádio para Alexi é demitir funcionários de salário mínimo ou controlar estacionamento. Bobagem!

Devia se preocupar em olhar para gestão financeira, ocupada por profissionais que mandam e desmandam no clube. Carros novos e aparentando uma condição não compatível com seus ganhos. Perdiz, coitado, não enxerga nada.

A gestão de Alexi é um retumbante fracasso. Desejo muito que o Vitória volte para a Série A, pois deixamos um clube com recursos e competências da melhor qualidade. Uma enorme torcida, jovem, vencedora e vibrante. As receitas foram crescendo naturalmente, principalmente pelos valores pagos pelas transmissões de TV e a venda de atletas de alto rendimento deixados por nós, sem nenhum esforço de Alexi. Espero que com o enriquecimento como um todo do negócio futebol, as vésperas da Copa do Mundo de 2014, sejam criadas as condições do clube se livrar definitivamente do último "mecenas".

Estarei presente no processo político, para ajudar um grupo que eu reconheça em condições de devolver ao Vitória os rumos traçados por minha equipe e cumpridos com tanta aplicação e competência.

Transformaram um ciclo de derrotas da minha gestão, num teatro de mentiras e leviandades, comandados por um covarde que usa os microfones para acharcar as pessoas e enganar os torcedores menos esclarecidos. E o que é pior: com o beneplácito de Alexi. E nosso clube hoje é pautado de fora para dentro. Estamos perdendo nosso orgulho, restaurado por nós com tanto sacrifício e isso é o mais grave numa instituição esportiva

Fonte: Arena Nordeste

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